Mateus Solano revive Mundinho Falcão
Gabriela' faz parte do imaginário até do brasileiro que não viu,
(...) que acha que é uma história só de Gabriela e Nacib (...). Eu
também não sabia'
Depois de quase quarenta anos, o revolucionário Raimundo Mendes Falcão,
ou simplesmente "Mundinho Falcão", como é amplamente conhecido,
reaparece na TV. Dessa vez, encarnado por ninguém menos que Mateus
Solano. O ator viajou até Canavieiras, na Bahia, lugar em que gravou a
chegada do personagem à trama, e onde também conversou com o site sobre o
novo trabalho. "É uma grande honra estar fazendo parte desse projeto
com um personagem tão bacana e decisivo para a trama", afirma Mateus,
que, na entrevista abaixo, revela ainda um pouco da conversa que teve
com o ator José Wilker, que fez o papel do progressista em 1975.
Como é participar de uma trama que já está no imaginário do
público há mais de trinta anos, comemorando também o centenário de Jorge
Amado?
"É um grande prazer estar participando de 'Gabriela'. Uma história que
faz parte até do imaginário do brasileiro que não viu, que não sabe do
que se trata, que acha que é uma história só entre Gabriela e Nacib e,
na verdade, é muito mais que isso. Eu também não sabia. Então, fui
buscar ler o livro, saber sobre o que se tratava e percebi que se
tratava realmente de uma obra prima de Jorge Amado, que estaria
completando seu centenário esse ano. É uma grande honra para mim estar
fazendo parte desse projeto com um personagem tão bacana e decisivo para
a trama. Estou superanimado."
Por se tratar de uma releitura, você está compondo o seu
Mundinho Falcão, assim como a Ju Paes está compondo a Gabriela dela.
Como está o processo de composição de seu personagem?
"Raimundo Mendes Falcão, o Mundinho Falcão, vem do Rio de Janeiro, já
tem a vida ganha e descende de uma família de políticos mas quer, como
ele mesmo afirma, vencer na vida por si mesmo. Ele vem a Ilhéus também,
porque quer esquecer um amor proibido (apaixonou-se pela esposa do
próprio irmão), para se redescobrir e acaba querendo reinventar também
essa cidade, essa Ilhéus dos anos 1920. A cidade, que respira o
coronelismo, vai contra isso tudo. Então ele já chega um pouco como
oposição à sociedade vigente daquele lugar. Mundinho vem com todo esse
espírito de mudança, essa juventude. Ao mesmo tempo, vejo que ele é um
jovem muito petulante. Ao chegar na cidade, por exemplo, bate de frente
com o Coronel Ramiro Bastos (Antônio Fagunes), que já tem seus 82 anos e
não se intimida. Promete acabar com o rival."
Você está fazendo um personagem que já foi vivido por José
Wilker na primeira versão. Vocês chegaram a conversar sobre o assunto?
No primeiro workshop nós conversamos e ele me falou muito mais sobre o
que foi aquela versão de Gabriela de 1975 do que propriamente sobre o
Mundinho, porque cada um tem que reler seu próprio personagem e
adaptá-lo ao mundo de hoje, que é muito importante. Um assunto muito
interessante que ele (Wilker) me contou foi que antes de o Mundinho
chegar, em 1975, as câmeras todas viviam paradas sobre seus tripés.
Quando ele chega, de balsa, a imagem começa a balançar, o que considero
uma característica do (Walter) Avancini (diretor da primeira versão, em
1975) de mostrar que a coisa toda iria mudar. O Mundinho é o cara que
traz esse movimento à cidade, que sempre pareceu inerte."
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